terça-feira, 17 de agosto de 2010

Ricordanza della mia gioventú

CASA DA AMA DE LEITE GUILHERMINA
 
A minha ama-de-leite Guilhermina
Furtava as moedas que o Doutor me dava.
Sinhá-Mocinha, minha mãe, ralhava...
Via naquilo a minha própria ruína!


Minha ama, então, hipócrita, afetava
Susceptibilidades de menina:
"- Não, não fora ela -" E maldizia a sina,
Que ela absolutamente não furtava.
 
Vejo, entretanto, agora, em minha cama,
Que a mim somente cabe o furto feito...
Tu só furtaste a moeda, o oiro que brilha...


Furtaste a moeda só, mas eu, minha ama,
Eu furtei mais, porque furtei o peito
Que dava leite para a tua filha!
                             

                                                                (Augusto dos Anjos)
 

quarta-feira, 30 de junho de 2010

APRESENTAÇÃO - ENEL - JOÃO PESSOA - UFPB



Leitores e pesquisadores da Obra do  Poeta Paraíbano Augusto dos Anjos, deixo aqui o convite à assistirem as apresentações de trabalhos no Encontro Nacional dos Estudantes de Letras (ENEL), que ocorrerá na UFPB em João Pessoa na Paraíba, do dia 10 a 17 de julho.
  Eu apresentarei um Banner com o tema do meu "Pequeno Ensaio" - A TENTATIVA DE PERIODIZAÇÃO DA OBRA DE AUGUSTO DOS ANJOS  - , também haverá outras apresentações sobre a obra do nosso querido Poeta.
  Quem quiser ter acesso a meu ensaio completo entre em contato comigo pelo e-mail: sarahatitude@yahoo.com.br

Por: Sarah Ribeiro

terça-feira, 8 de junho de 2010

Pequeno Ensaio ( trecho)

A TENTATIVA DE PERIODIZAÇÃO DA OBRA DE AUGUSTO DOS ANJOS
Sara Ribeiro dos Santos¹


A proposição deste trabalho é discutir e dialogar com alguns críticos o processo de inserção da obra “Eu”, único livro do poeta paraibano Augusto dos Anjos (1884-1914) em certos períodos literários. Trata-se, portanto de uma análise sobre a controversa classificação do poeta, que oscila entre o Romantismo ao Modernismo.
Sabemos quão problemática pode ser a conciliação entre critérios de tempo e critérios estéticos, e a resultante interpenetração que às vezes passeia nas zonas fronteiriças dos períodos literários. Para melhor constatação fica mais patente o dialogo direto com tais críticos: Alfredo Bosi, Afrânio Coutinho, Antonio Cândido, Massaud Moisés e Anatol Rosenfeld.
Portanto, seja qual for a abordagem ou período literário que for usado como base de análise da obra, ele fornecerá respostas parciais. Uma vez que, a singularidade deste poeta consiste no fato dele instaurar uma nova linguagem, cuja capacidade de mimesis ou de fazer fluir o processo mimético reside na novidade estética e imagética.

¹Graduanda do VII Semestre do curso de Letras Vernáculas da Universidade do Estado da Bahia – UNEB – Campus XX Brumado -  BA.

REFERÊNCIAS

ANJOS, Augusto dos. Eu. In: BUENO, Alexei. (Ed.) Augusto dos Anjos: obra completa.
Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2004.

_____________. Outras poesias. In: BUENO, Alexei. (Ed.) Augusto dos Anjos: obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2004.
_____________. Poemas esquecidos. In: BUENO, Alexei. (Ed.) Augusto dos Anjos: obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2004.
 ALMEIDA, Horácio de. Augusto dos Anjos: razões de sua angústia. Rio de Janeiro: Ouvidor, 1962.
 BANDEIRA, Manuel. Augusto dos Anjos. In: BUENO, Alexei. (Ed.) Augusto dos Anjos: obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2004.
 BARBOSA, Jair Lopes. Schopenhauer: a decifração do enigma do mundo. São Paulo: Moderna, 1997.
 BOSI, Alfredo. O ser e o tempo da poesia. São Paulo: Cultrix, 1977.
 BUENO, Alexei. Augusto dos Anjos: origem de uma poética. In: BUENO, Alexei. (Ed.)
Augusto dos Anjos: obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2004.
FREYRE, Gilberto. Nota sobre Augusto dos Anjos. In: BUENO, Alexei. (Ed.) Augusto dos
Anjos: obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2004.
 GULLAR, Ferreira. Augusto dos Anjos ou vida e morte nordestina. 2ª ed. Rio de Janeiro:
Paz e Terra, 1978.
 HOUAISS, Antonio. Augusto dos anjos: poesia. Rio de Janeiro: Livraria Agir Editora, 1960.
HELENA, Lucia. A cosmo-agonia de Augusto dos Anjos. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1977.
 MOISÉS, Massaud. O Simbolismo. São Paulo: Cultrix, 1966.
 ROSENFELD, Anatol. “A costela de prata de Augusto dos Anjos”. In: COUTINHO, Afrânio e BRAYNER, Sônia. Augusto dos Anjos - textos críticos. Brasília: Instituto Nacional do Livro, 1973, pp. 314-319.
 OBS: quem tiver interesse em ler o ensaio completo entre em contato comigo pelo e-mail : sarahatitude@yahoo.com.br

terça-feira, 1 de junho de 2010

Comunidade no orkut sobre o ENEL e Memorial de Augusto dos Anjos



COMUNIDADE OFICIAL DO ENEL 2010 NO ORKUT

http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=92606289


SITE DO ENEL 2010

http://enel2010.com.br/

SITE DO MEMORIAL DE AUGUSTO DOS ANJOS

http://www.memorialaugustodosanjos.com/

segunda-feira, 26 de abril de 2010

ENEL 2010 - Paraíba - João Pessoa - UFPB

 ENCONTRO NACIONAL DOS ESTUDANTES DE LETRAS
LÍNGUA, MEMÓRIA E CULTURA
AS RAÍZES NO PRESENTE 

        
 Paraíba, berço de Augusto dos Anjos

          Pretendendo refletir acerca da nossa formação profissional adquirida na academia, e atrelada a influência do aprendizado que obtemos nos demais espaços de convivência social, pretendemos esse ano discutir como o educador flutua em meio ao passado, presente e futuro.
        A temática nos leva a discussão de como somos influenciados todo o tempo em nossos costumes e atos. É inegável que nossa cultura, nossa língua, carregam a memória de nossos antepassados. Essa mistura foi essencial para a formação de nosso folclore, da nossa tradição.
        Entendemos que é imprescindível apresentar nossas manifestações artísticas de diversas formas. Porém, não podemos esquecer de apresentar aos nossos encontristas a nossa historia política, memória de nossas revoluções, das mulheres e homens fortes que participaram ativamente da formação desse país, sem esquecer das nossas belezas naturais e da hospitalidade típica do paraibano.
       O Encontro se dará em João Pessoa, trazendo como tema: “Língua, Memória e Cultura: as Raízes do Presente”.
        Primeiramente devemos nos questionar o porquê da realização desse encontro na Paraíba. Das muitas respostas podemos destacar a nossa necessidade de movimentar os estudantes de Letras da nossa universidade para seus questionamentos perante o curso e sua inserção no mercado de trabalho. Nosso desejo de apresentar aos nossos encontristas nossa estrutura e nosso celeiro acadêmico, professores e pesquisadores reconhecidos por seus trabalhos que há muito já ultrapassam as barreiras da Paraíba, nos igualando em qualidade a outras grandes universidades do país. Outro dado importante é o fato que até os dias de hoje não encontramos registros da organização de um Encontro Nacional de Estudantes de Letras em nossa universidade, o que nos inspirou a sermos pioneiros nessa empreitada.

 Fonte:http://enel2010.com.br/

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Augusto dos Anjos VIVE!! * 126 ANOS

 

 DIA 20 DE ABRIL DE 2010, AUGUSTO DOS ANJOS ESTARIA COMPLETANDO 126 ANOS.

  Augusto dos Anjos (1884-1914)

 

        Poeta brasileiro. Famoso pela originalidade temática e vocabular.Publicou uma única obra - Eu - (1912). 
    Augusto dos Anjos recorreu a uma infinidade de termos científicos, biológicos e médicos ao escrever seus versos de excelente fatura, nos quais expressa por princípio um pessimismo atroz.
     Considerado o mais original dos poetas brasileiros entre Cruz e Sousa e os modernistas, Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos nasceu no Engenho Pau d'Arco PB em 20 de abril de 1884. Aprendeu com o pai, bacharel, as primeiras letras. Fez o curso secundário no Liceu Paraibano, já sendo dado como doentio e nervoso por testemunhos da época. Formado em direito em Recife (1906), casou-se logo depois. Contudo, não advogou; vivia de ensinar português, primeiro em seu estado e a seguir no Rio de Janeiro RJ, para onde se mudou em 1910. Lecionou também geografia na Escola Normal, depois Instituto de Educação, e no Ginásio Nacional, depois Colégio Pedro II, sem conseguir ser efetivado como professor.
   Em fins de 1913 mudou-se para Leopoldina MG, onde assumiu a direção do grupo escolar e continuou a dar aulas particulares. Seu único livro, Eu, foi publicado em 1912. Surgido em momento de transição, pouco antes da virada modernista de 1922, é bem representativo do espírito sincrético que prevalecia na época, parnasianismo por alguns aspectos e simbolista por outros. Praticamente ignorado a princípio, quer pelo público, quer pela crítica, esse livro que canta a degenerescência da carne e os limites do humano só alcançou novas edições graças ao empenho de Órris Soares (1884-1964), amigo e biógrafo do autor.
    Cético em relação às possibilidades do amor ("Não sou capaz de amar mulher alguma, / Nem há mulher talvez capaz de amar-me), Augusto dos Anjos fez da obsessão com o próprio "eu" o centro do seu pensamento. Não raro, o amor se converte em ódio, as coisas despertam nojo e tudo é egoísmo e angústia em seu livro patético ("Ai! Um urubu pousou na minha sorte").
   A vida e suas facetas, para o poeta que aspira à morte e à anulação de sua pessoa, reduzem-se a combinações de elementos químicos, forças obscuras, fatalidades de leis físicas e biológicas, decomposições de moléculas. Tal materialismo, longe de aplacar sua angústia, sedimentou-lhe o amargo pessimismo ("Tome, doutor, essa tesoura e corte / Minha singularíssima pessoa"). Ao asco de volúpia e à inapetência para o prazer contrapõe-se porém um veemente desejo de conhecer outros mundos, outras plagas, onde a força dos instintos não cerceie os vôos da alma ("Quero, arrancado das prisões carnais, / Viver na luz dos astros imortais").
   A métrica rígida, a cadência musical, as aliterações e rimas preciosas dos versos fundiram-se ao esdrúxulo vocabulário extraído da área científica para fazer do Eu -- desde 1919 constantemente reeditado como Eu e outras poesias -- um livro que sobrevive, antes de tudo, pelo rigor da forma.
    Com o tempo, Augusto dos Anjos tornou-se um dos poetas mais lidos do país, sobrevivendo às mutações da cultura e a seus diversos modismos como um fenômeno incomum de aceitação popular. Vitimado pela pneumonia aos trinta anos de idade, morreu em Leopoldina em 12 de novembro de 1914. 
Fonte: www.perci.com.br
 

terça-feira, 6 de abril de 2010

O poeta do hediondo

Sofro aceleradíssimas pancadas
No coração. Ataca-me a existência
A mortificadora coalescência
Das desgraças humanas congregadas!

Em alucinatórias cavalgadas,
Eu sinto, então, sondando-me a consciência
A ultra-inquisitorial clarividência
De todas as neuronas acordadas!

Quanto me dói no cérebro esta sonda!
Ah! Certamente eu sou a mais hedionda
Generalização do Desconforto...

Eu sou aquele que ficou sozinho
Cantando sobre os ossos do caminho
A poesia de tudo quanto é morto!

(Augusto dos Anjos)

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Pscicologia de um vencido



Eu, filho do carbono e do amoníaco,
Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênesis da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.


Profundíssimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância...
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.


Já o verme — este operário das ruínas —
Que o sangue podre das carnificinas
Come, e à vida em geral declara guerra,


Anda a espreitar meus olhos para roê-los,
E há-de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!

                                                    ( Augusto dos Anjos)