CASA DA AMA DE LEITE GUILHERMINA |
A minha ama-de-leite Guilhermina
Furtava as moedas que o Doutor me dava.
Sinhá-Mocinha, minha mãe, ralhava...
Via naquilo a minha própria ruína!
Minha ama, então, hipócrita, afetava
Susceptibilidades de menina:
"- Não, não fora ela -" E maldizia a sina,
Que ela absolutamente não furtava.
Sinhá-Mocinha, minha mãe, ralhava...
Via naquilo a minha própria ruína!
Minha ama, então, hipócrita, afetava
Susceptibilidades de menina:
"- Não, não fora ela -" E maldizia a sina,
Que ela absolutamente não furtava.
Vejo, entretanto, agora, em minha cama,
Que a mim somente cabe o furto feito...
Tu só furtaste a moeda, o oiro que brilha...
Furtaste a moeda só, mas eu, minha ama,
Eu furtei mais, porque furtei o peito
Que dava leite para a tua filha!
(Augusto dos Anjos)
Que a mim somente cabe o furto feito...
Tu só furtaste a moeda, o oiro que brilha...
Furtaste a moeda só, mas eu, minha ama,
Eu furtei mais, porque furtei o peito
Que dava leite para a tua filha!
(Augusto dos Anjos)
Augusto é simplesmente fantástico. Foi o primeiro poeta que eu gostei de verdade.
ResponderExcluirAUGUSTO DOS ANJOS
ResponderExcluirPaulo Gondim
17/02/2011
Da Paraíba ao Rio de janeiro
Um poeta único, por inteiro
Vida curta, porém intensa
Um único amor que se fez dor
Que de mais rico era o que tinha
Por preconceito da mãe
Viu-o morrer de uma surra
Sua amada “Francisquinha”
A quem amaria mais?
Impossível, só à poesia
Que o fez com maestria
Além de seu tempo
Ninguém o compreendia
Em 1900, já falava de ecologia
Fez versos de seu próprio íntimo
Cantou miseráveis quimeras
Morreu moço, foi sua sina
Repousa em terra abençoada
De Minas a mais ensolarada
A querida e bela Leopoldina
Em toda vida de poeta, único Livro
“EU e outros sonetos”
Para muitos, um bruxo, o mais lido
Esquisito, soturno no dia a dia
Perplexo diante dele e da palavra fria
Como discípulo, assino minha ficha
E entro de vez em sua confraria
AUGUSTO DOS ANJOS
ResponderExcluirPaulo Gondim
17/02/2011
Da Paraíba ao Rio de janeiro
Um poeta único, por inteiro
Vida curta, porém intensa
Um único amor que se fez dor
Que de mais rico era o que tinha
Por preconceito da mãe
Viu-o morrer de uma surra
Sua amada “Francisquinha”
A quem amaria mais?
Impossível, só à poesia
Que o fez com maestria
Além de seu tempo
Ninguém o compreendia
Em 1900, já falava de ecologia
Fez versos de seu próprio íntimo
Cantou miseráveis quimeras
Morreu moço, foi sua sina
Repousa em terra abençoada
De Minas a mais ensolarada
A querida e bela Leopoldina
Em toda vida de poeta, único Livro
“EU e outros sonetos”
Para muitos, um bruxo, o mais lido
Esquisito, soturno no dia a dia
Perplexo diante dele e da palavra fria
Como discípulo, assino minha ficha
E entro de vez em sua confraria